domingo, 16 de março de 2014

A arte em defesa do meio ambiente




Para o fotógrafo canadense Gregory Colbert , que fotografa momentos de perfeita harmonia entre os animais e os homens em países como a Índia, o Sri Lanka e a Namíbia: “A natureza é um poema, e nós, homens, com nossa arrogância, temos de parar de pensar que somos a parte mais importante dela – somos apenas uma sílaba”. (TINOCO, 2006, p. 12)

Um dos expoentes na fotografia da natureza daqui do Brasil, sem sombra de dúvidas é o santista Araquém Alcântara.
Araquém Alcântara (1951) sobre sua criação diz: “A fotografia pra mim é um caminho de autoconhecimento. Ela é uma ponte para que eu esteja em sintonia com o universo. Proporciona-me o encontro, às vezes quase místico. É o encontro com a beleza”. (TINOCO, 2006, p. 05)
O fotógrafo fala que não foi uma opção sua a de fotografar a natureza, foi um chamado da mesma. Sua vontade de preservação o leva a denunciar os maus-tratos com a natureza, primeiramente em seu lugar de morada, a cidade de Santos, e depois em diferentes lugares por todo o Brasil.
Engajado na causa da preservação da natureza, de acordo com Tinoco (2006), é um dos precursores da fotografia ecológica no Brasil, atuando nesse campo já no início dos anos setenta. Como outros fotógrafos de natureza, Araquém fica por dias pacientemente na mata para conseguir uma imagem.

... a fotografia de ecologia, a fotografia de natureza. Cresce a cada dia o número de adeptos, consequentemente vai crescer o mercado. Todo fotógrafo de natureza é um conservacionista. Ele luta para a preservação daquele meio que ele fotografa. Então é interessante que hoje em dia estão surgindo fotógrafos que são anjos da guarda de determinados santuários. Eles fotografam aqueles lugares, moram próximo àqueles lugares e atuam nessa comunidade para a defesa desse espaço. (ALCÂNTARA apud TINOCO, 2006, p.7)

Muitos fotógrafos pioneiros do Brasil preocupam-se com a questão da preservação da natureza, utilizando a vocação natural da fotografia para documentar, exaltar e denunciar. “A expansão da consciência ecológica está registrada na história da fotografia que cria um repertório visual de enorme valor documental”. (TINOCO, 2006, p.7)
Para o autor, os primeiros registros naturalísticos da terra do Brasil sejam aqueles produzidos pelos pintores e desenhistas da comitiva de artistas que, entre 1636 e 1645, período de ocupação dos holandeses no nordeste, permanecem no Brasil contratados pelo então governador Maurício de Nassau (1604 – 1679). Nessa produção, destacam-se as paisagens que retratam vistas panorâmicas, portos e fortificações de Frans Post (1612 - 1680), e os tipos etnográficos e exóticos de Albert Eckhout (1610 - 1665 )

Posteriormente, no século 19, artistas estrangeiros da missão artística francesa e os naturalistas visitantes integrantes das expedições científicas, deslumbrados pelo cenário tropical, elaboram paisagens, marinhas e cenas de costume, sobretudo do Rio de Janeiro, documentando com detalhes aspectos pitorescos da vida brasileira. (TINOCO, 2006, p.8)

Os fotógrafos estrangeiros começam a chegar ao Brasil a partir de 1850, estimulados pelo imperador D.Pedro II (1825 – 1891), para realizarem um grande levantamento paisagístico no Brasil. Destaca-se como o mais importante fotógrafo brasileiro do século 19, Marc Ferrez (1843 - 1923), carioca de origem francesa. Fotógrafo da Marinha Imperial e da Comissão Geográfica e Geológica do Império, Ferrez se especializa na produção de vistas e paisagens, tanto urbanas, quanto da natureza, tendo percorrido o Brasil a serviço de diversas instituições.
Tinoco (2006), a respeito da condição do fotógrafo de natureza, declara:

Todo fotógrafo de natureza tem como um de seus objetivos a preservação do local que ele escolhe como temática. Na realidade, ele é um ecologista por princípio. Ao entrar na mata, pensa e age de forma a não agredir. Por isso, espera pela melhor hora, pela iluminação perfeita, pelo encontro contemplativo daquilo que deseja eternizar. (TINOCO, 2006, p. 10)

A riqueza da fauna e flora brasileiras, a exuberância de nossas florestas, aclamadas até no hino nacional, representam concretamente um rico patrimônio natural ainda em risco pela presença ameaçadora e devastadora do homem.

São as fotografias de Araquém Alcântara e de outros fotógrafos que nos revelam a diversidade das formas de vida que habitam os brasis, segundo Tinoco (2006), para nos lembrar dos laços ecológicos e evolutivos que nos ligam aos demais integrantes da biosfera. Fotograma a fotograma captado.

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