Para o fotógrafo canadense Gregory Colbert ,
que fotografa momentos de perfeita harmonia entre os animais e os homens em
países como a Índia, o Sri Lanka e a Namíbia: “A natureza é um poema, e nós,
homens, com nossa arrogância, temos de parar de pensar que somos a parte mais
importante dela – somos apenas uma sílaba”. (TINOCO, 2006, p. 12)
Um dos expoentes na
fotografia da natureza daqui do Brasil, sem sombra de dúvidas é o santista
Araquém Alcântara.
Araquém Alcântara (1951) sobre sua criação diz: “A
fotografia pra mim é um caminho de autoconhecimento. Ela é uma ponte para que
eu esteja em sintonia com o universo. Proporciona-me o encontro, às vezes quase
místico. É o encontro com a beleza”. (TINOCO, 2006, p. 05)
O fotógrafo fala que
não foi uma opção sua a de fotografar a natureza, foi um chamado da mesma. Sua
vontade de preservação o leva a denunciar os maus-tratos com a natureza,
primeiramente em seu lugar de morada, a cidade de Santos, e depois em
diferentes lugares por todo o Brasil.
Engajado na causa da
preservação da natureza, de acordo com Tinoco (2006), é um dos precursores da
fotografia ecológica no Brasil, atuando nesse campo já no início dos anos
setenta. Como outros fotógrafos de natureza, Araquém fica por dias
pacientemente na mata para conseguir uma imagem.
... a fotografia de
ecologia, a fotografia de natureza. Cresce a cada dia o número de adeptos,
consequentemente vai crescer o mercado. Todo fotógrafo de natureza é um conservacionista.
Ele luta para a preservação daquele meio que ele fotografa. Então é
interessante que hoje em dia estão surgindo fotógrafos que são anjos da guarda de
determinados santuários. Eles fotografam aqueles lugares, moram próximo àqueles
lugares e atuam nessa comunidade para a defesa desse espaço. (ALCÂNTARA apud TINOCO, 2006, p.7)
Muitos fotógrafos
pioneiros do Brasil preocupam-se com a questão da preservação da natureza,
utilizando a vocação natural da fotografia para documentar, exaltar e denunciar.
“A expansão da consciência ecológica está registrada na história da fotografia
que cria um repertório visual de enorme valor documental”. (TINOCO, 2006, p.7)
Para o autor, os primeiros registros naturalísticos da
terra do Brasil sejam aqueles produzidos pelos pintores e desenhistas da comitiva
de artistas que, entre 1636 e 1645, período de ocupação dos holandeses no
nordeste, permanecem no Brasil contratados pelo então governador Maurício de
Nassau (1604 – 1679). Nessa produção, destacam-se as paisagens que retratam vistas
panorâmicas, portos e fortificações de Frans Post (1612 - 1680), e os tipos
etnográficos e exóticos de Albert Eckhout (1610 - 1665 )
Posteriormente, no século
19, artistas estrangeiros da missão artística francesa e os naturalistas
visitantes integrantes das expedições científicas, deslumbrados pelo cenário
tropical, elaboram paisagens, marinhas e cenas de costume, sobretudo do Rio de
Janeiro, documentando com detalhes aspectos pitorescos da vida brasileira. (TINOCO,
2006, p.8)
Os
fotógrafos estrangeiros começam a chegar ao Brasil a partir de 1850,
estimulados pelo imperador D.Pedro II (1825 – 1891), para realizarem um grande
levantamento paisagístico no Brasil. Destaca-se como o mais importante
fotógrafo brasileiro do século 19, Marc Ferrez (1843 - 1923), carioca de origem
francesa. Fotógrafo da Marinha Imperial e da Comissão Geográfica e Geológica do
Império, Ferrez se especializa na produção de vistas e paisagens, tanto urbanas,
quanto da natureza, tendo percorrido o Brasil a serviço de diversas
instituições.
Tinoco (2006), a respeito da condição do fotógrafo de
natureza, declara:
Todo
fotógrafo de natureza tem como um de seus objetivos a preservação do local que
ele escolhe como temática. Na realidade, ele é um ecologista por princípio. Ao
entrar na mata, pensa e age de forma a não agredir. Por isso, espera pela melhor
hora, pela iluminação perfeita, pelo encontro contemplativo daquilo que deseja
eternizar. (TINOCO, 2006, p. 10)
A riqueza da fauna e
flora brasileiras, a exuberância de nossas florestas, aclamadas até no hino
nacional, representam concretamente um rico patrimônio natural ainda em risco pela
presença ameaçadora e devastadora do homem.
São as fotografias de Araquém Alcântara e de outros
fotógrafos que nos revelam a diversidade das formas de vida que habitam os
brasis, segundo Tinoco (2006), para nos lembrar dos laços ecológicos e
evolutivos que nos ligam aos demais integrantes da biosfera. Fotograma a
fotograma captado.
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