Rio Itanhaém!
Nasceste da junção de dois rios
Branco e Preto.
Vieste vindo vagarosamente
complementando a beleza da natureza...
Enveredaste por caminhos da Mata Atlântica,
pelos mangues, num sem fim de águas... natural
desta terra secular!
Levas a alegria, a recreação e o alimento
por onde passas...
És a beleza e o orgulho
desta terra bendita
pois, dela herdaste o nome!
Nasceste da junção de dois rios
Branco e Preto.
Vieste vindo vagarosamente
complementando a beleza da natureza...
Enveredaste por caminhos da Mata Atlântica,
pelos mangues, num sem fim de águas... natural
desta terra secular!
Levas a alegria, a recreação e o alimento
por onde passas...
És a beleza e o orgulho
desta terra bendita
pois, dela herdaste o nome!
(Cely Aparecida
Faria Spina. Rio Itanhaém. In: Itanhaém,
beleza em prosa e verso. Itanhaém, 1997)
A Baia do Rio Ribeira de Iguape e o
Litoral Sul compõem a região dos Estados de São Paulo e Paraná mais
privilegiada pelas belezas que a natureza pode oferecer. (FERREIRA, 2008)
Ao redor da nossa cidade há uma vasta
porção de Mata Atlântica que pode ser vista por terra e água. São cerca de 2000
km de rios (entre navegáveis, não navegáveis) Os rios que nascem na serra vão
“correndo” com velocidade percorrendo caminhos de pedras. São borbulhantes e
barulhentos e às vezes formam cachoeiras e quedas, mas quando chegam à baixada,
os rios ficam silenciosos. Vão deslizando devagarinho pelo meio da mata e a
transformação acontece também com sua cor – é mais escura por causa da grande
quantidade de matéria vegetal que se decompõe na água, por isso o fundo dos
rios pode ser lodoso.
Itanhaém antigamente era praticamente
uma população ribeirinha. O Rio sempre foi seu principal veículo. Pelas duas
margens do rio: Suarão, a Vila, O Bairro do Poço, Camboriú, O Bairro do Rio
Acima, essa gente vinha para as festas da “Vila” com suas embarcações chegando a
cidade no raiar do dia. Todas as famílias tinham as suas canoas naquele tempo.
(FERREIRA, 2008)
Rio Branco. Foto de Thais Oliveira
Silva. 12. Jan. 2012
O Rio Branco é um dos afluentes
principais do Rio Itanhaém. Ele também é nosso responsável pelo abastecimento
de água potável para a cidade. Branco (2005) nos descreve o Rio Branco com suas
águas claras, pois descem das cachoeiras da Serra do Mar, onde nosso município
faz divisa com São Paulo e São Vicente, margeando a aldeia dos índios Guarani.
O Rio Branco é um dos principais formadores do Rio Itanhaém. Ele banha terras
agrícolas produtoras de banana onde antes imperavam os arrozais japoneses. De
acordo com Branco (2005), os mais antigos contam que este é um rio de poços
profundos onde se escondem os grandes robalos. “Quando o caiçara abandonou a
linha da praia pela pressão imobiliária foi se refugiar nessas terras, vivendo
em sítios de encosta, trabalhando de assalariado agrícola, cultivando de tudo
um pouco.” (BRANCO, 2005, p.81) A foto acima é uma tomada do Rio Branco quando
este passa pela Fazenda Mambu, a qual ao ser redor possui uma bela porção da
Mata Atlântica preservada, surpreendente em cada detalhe. Num dia de céu
límpido pude fotografá-lo e eternizar seu belo espelho d`água que tenho
guardado em minha mente desde a infância, quando íamos aos sítios próximos à
Fazenda Mambu visitar amigos. Suas límpidas e gélidas águas, sempre puras e
frescas jamais sairão de minhas lembranças.
Já o Rio Preto, outro afluente do
Rio Itanhaém nasce na região das lamas negras cujos componentes orgânicos são
hidratantes naturais. Suas águas são as responsáveis pelo tom cinzento do mar
de Itanhaém quando baixa a maré. A foto abaixo mostra-nos uma porção do Rio em
contato com a grande floresta retorcida, os manguezais, os quais proporcionam a
diversidade e riqueza biológica lá existente. A ondulação das águas captado
nesta imagem é devido aos motores dos dois barcos que participaram da procissão
pelo rio rumo ao bairro do Rio Acima, para celebrar a Festa do Divino.
Em contato com o mar e localizadas
onde o rio se expande encontramos nosso manguezal com suas águas salobras que é
inundada pela maré duas vezes ao dia. Neste local se desenvolve uma vegetação
típica do litoral: são bosques de árvores retorcidas que crescem em terreno de
solo negro e lamacento.
Floresta Retorcida. Foto
de Thais Oliveira Silva. 06. Mai. 2012
Rio Preto. Foto
de Thais Oliveira Silva. 06. Mai. 2012
Já o Rio Itanhaém, formado pelo
encontro do Rio Preto e Rio Branco, atravessa a cidade e seu maior atrativo é o
encontro das águas com o mar, que chamamos “Boca da Barra”. No local há duas
esculturas representando dois pescadores locais já falecidos, os quais estão
representando suas antigas atividades: um está numa canoa e o outro, segurando
sua rede artesanal. Ambos foram esculpidos por Ronaldo Lopes (1953), artista
plástico local.
O pescador representado na canoa
chamava-se Paulo Leandro de Lima (1915 – 2001), mas era conhecido por seu
apelido “Pica-pau”. Natural de Iguape buscou seu sustento e o de sua família
nas águas do Rio Itanhaém, em sua piroga (pequena canoa de origem indígena)
através da pesca artesanal com suas redes e cercos através do Rio.
Busquei na foto abaixo representar o
momento decisivo de um pescador artesanal: a alvorada, aonde este vai ao
encontro de seu grande provedor: o Rio. Os tons dourados do nascer do sol neste
instante proporcionou a imagem um toque etéreo, onde o Rio e Céu fundem-se,
comungam da mesma riqueza de cores e luzes. O fotógrafo português João
Evangelista, a respeito desta imagem declara:
Com
o enquadramento mais fechado, o olhar se concentra naturalmente mais sobre a
figura do homem!...E como na foto anterior o facto de ele navegar em terra deu um
toque especial à sua foto!...Bem visto a integração da estátua na paisagem
circundante, pois muitos teriam captado só a escultura como sendo uma
curiosidade local!!!!!...Uma simples atracção turística!!!....A palmeira e a
colina no lado oposto fecham visualmente a foto o que ajuda a concentrar melhor
o olhar do observador na área de mais interesse da imagem!!!
Aqui também você soube captar a transição entre o mundo das sombras e o mundo da luz, com o espelho do rio como que fazendo a ligação entre os dois!!!!
Bem visto e parabéns Thais!!!
Aqui também você soube captar a transição entre o mundo das sombras e o mundo da luz, com o espelho do rio como que fazendo a ligação entre os dois!!!!
Bem visto e parabéns Thais!!!
PEREIRA, João Evangelista Dos Santos. JEvangelista. [mensagem pessoal]
Mensagem recebida por < jespcl3@yahoo.fr> em 30. Jun. 2012.
Amanhecer sob a Boca da Barra. Foto de Thais
Oliveira Silva.01. Abr. 2012
Na
foto abaixo, busquei concretizar algo que eu havia tentado diversas vezes quando
iniciei minha poética visual, em Dezembro de 2011: captar a estátua do “Pica-pau”
com o rio ao fundo, de modo que desse a impressão de que a mesma estivesse sob
as águas do rio, rumo ao Rio Itanhaém. Porém, apenas em Julho de 2012 obtive
uma imagem satisfatória a mim, pois neste dia, além da experiência adquirida
nestes meses percorridos, também me foi favorável à condição climática deste
dia, um belíssimo tom de azul tomou conta de nosso céu, de nossas águas.
Infelizmente o que vemos nesta estátua não é nada admirável: se repararmos
atentamente nas mãos dele, nós percebemos que está faltando seus dedos, obra de
algum vândalo.
Ao conversar com o escultor local,
Ronaldo Lopes (1953-), percebi sua tristeza ao mencionar o fato da depredação
de suas obras. Esta estátua que vemos é a segunda produção do artista, já que a
primeira encontra-se em seu atelier, destruída por baderneiros que,
provavelmente acreditaram que eram feiras de bronze puro e quiseram vender suas
partes, porém, ao questionar o artista sobre seu processo de criação, suas
estátuas têm estruturas de ferro, e são de resina, pontadas posteriormente de
tinta spray bronzeadas. Não há nada do tão desejado bronze, metal que se cair
em certas mãos apenas será vendido em ferros velhos, sem a simples reflexão da
validade da obra artística para a população em geral. É necessária a difusão da
Educação Patrimonial, o sentido de pertencimento à sociedade, o interesse e
reconhecimento pela nossa cultura. Quando isto acontecer não haverá mais tanto
desrespeito e desconhecimento por suas origens.
Na imagem abaixo, temos outra escultura
de Ronaldo Lopes, a qual foi depredada também em suas mãos, as quais estão
segurando, desde então precariamente, sua rede artesanal.
A escultura representa o antigo
pescador artesanal José Rodrigues (1914 – 2002), conhecido como Zeca Poitena.
Registrei a Figura 85 a manhã de um dia ensolarado. As sombras alongadas á
direita indicam que o sol ainda está levantando-se, proporcionando a cena luzes
pontuadas, onde, entre outros elementos da cena, as pernas da escultura neste
momento estão recebendo mais luz do que seu tronco e membros superiores. Assim
como o pescador “Pica-pau”, Zeca Poitena também levava sua vida em harmonia com
este local, como todo caiçara possuía sua pele retorcida pelo sol, pela maresia
do ar e da água, tendo infinita sabedoria caiçara, a qual permitia a estes
homens simples conhecerem tão bem nossas águas, analisar as condições de pesca
através das fases lunares, do movimento das nuvens, dos pássaros e da ressaca
do mar.
Navegando Eternamente. Foto de Thais
Oliveira Silva. 19. Jul. 2012
Navegando Eternamente. Foto de Thais Oliveira Silva. 19. Jul. 2012
O Rio lhes dava seu suprimento. Foto
de Thais Oliveira Silva. 01. Abr. 2012
Quando desenvolvemos harmonia com o
local em que vivemos, elevamo-nos, tornamo-nos melhores do que éramos ou
podíamos ser, a natureza é sábia, se dermos atenção a ela, sempre teremos
valiosíssimas lições a tirar.
Minha
grande paixão sempre foi observar o espelho d` água, meu querido Rio Itanhaém é
um grande prazer, sentir a mudança do céu, acinzentado em dias nublados e
chuvosos, e saborear o intenso azul de um céu límpido. Tudo sempre refletido em
nossas águas.
Em
Janeiro de 2012, observei o quanto as águas do Rio Itanhaém estavam tranquilas,
suaves, por este motivo, pude registrar no dia três deste mês, a imagem da
Figura 86, a qual só se é possível tão espelho d`água quando as águas estão
estáticas, como estavam neste dia. Seu percurso entre o mangue é de perder de
vista. A captação foi tomada do alto da ponte da Rodovia Padre Manoel da
Nóbrega.
Espelho d`água.
Foto de Thais Oliveira Silva. 03. Jan. 2011.
Já a Figura 87 tem a imagem das
águas turbulentas devido à aproximação do mar, pois estamos na Boca da Barra,
centro de Itanhaém, encontros das águas doces e salgadas, e também pela
ondulação causada por esta embarcação que está rumando ao mar pela manhã, movimento
este seguido por inúmeras embarcações, a motor ou não ao mar pela manhã, em que
pude observar durante meus trilhares.
Aqui
funciona bem este tipo de enquadramento, com o barco bem no centro como que
para servir de ponto de apoio a quem fica estonteado com esta inclinação!
Bem
visto Thais e navegando tão perto da praia, parece que o barco está navegando
na fronteira entre o mundo terreno sempre imóvel e estático e o mundo
espiritual representado pela água em constante movimento e cujos reflexos são
tão efémeros como um piscar de olhos!...São sempre diferentes e por isso acaba
por acontecer muitos mais que na paisagem lá ao fundo!...Basta ficar olhando!
Parabéns
Thais!!!
(IPEREIRA,
João Evangelista Dos Santos. JEvangelista.
[mensagem pessoal] Mensagem recebida por < jespcl3@yahoo.fr> em: 12. Abr.
2012)
bela descrição da história de Itanhaém, parabéns Thaís! Pena que seu blog não está "na ativa" ou me parece!
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