Itanhaém sonho infindo
É a namorada do mar
O teu luar
E o céu tão lindo
São um convite para a gente amar
Itanhaem magia
De luz e cor
É um doce paraíso
Dos sonhos de amor
Estrelas mil cintilam
No céu azul
Grinalda de princesa
Dos mares do sul
(José Rosendo e Ernesto Zwarg.
In: Itanhaém, um mar de histórias.
Itanhaém: Expoente, 2008)
Muitos
moradores de Itanhaém têm por hábito após o trabalho irem até a praia para observá-la.
É um momento realmente único. Como é singular, ver a tarde caindo em
minha terra. Em dias outonais, onde o frio já se aproxima, poucos ousam ainda
estar na praia, vê-la bem de perto, mas o entardecer vista das areias da praia,
é inesquecível, nossos morros fazendo uma excelente moldura a maravilhosa obra
de arte do Criador, a queda do Rei Sol, este indo numa marcha fúnebre para as
terras sombrias, mas a marcha não é soturna, é bela, o sol se vai, mas deixa
após si uma explosão de tons vermelhos, rosas, laranjas, dourado, ele está
partindo, mas sempre deixa saudades. Até o dia seguinte. E o seguinte. E o
seguinte. Itanhaenses que ao observar algo majestoso nos céus ou no mar, sempre
tem o desejo de fotografar tal imagem a nós apresentada, já que:
É
comum, para aqueles que puseram os olhos em algo belo, lamentar-se de não ter
podido fotografá-lo. [...] Aprendemos a nos ver fotograficamente: ver a si
mesmo como uma pessoa atraente é, a rigor, julgar que se ficaria bem numa fotografia.
(SONTAG, 2006, p.102)
Tantos
itanhaenses gostam de observarem o mar em diversas ocasiões e dias. Eu sempre
me pego imaginando o que estão pensando naquele momento. Tanta saudade o mar já
não ouviu? Tantas lembranças, de inúmeras gerações desta terra que tiveram o
mar por confidente e este nos ouve e o mar guarda nossas confidências, choros
secretos, escondidos de todos o mar que já presenciou. Tantas ilusões, tantos
dramas que já ouviu. A profundeza do mar inteira a guardar tantos segredos.
Será possível que todas estas ondas espumadas estejam repletas de lágrimas?
Nós
que convivemos com o mar podemos até afirmar que o conhecemos, mas, no entanto,
não conseguimos esquadrinha-lo por completo. Ele sempre nos será surpreendente,
nos trazendo sentimentos e emoções únicas. Pode até ser para muitos ser algo
repetitivo este gesto do mar, de vai e vem, mas para aqueles que o ama, é o
movimento de um amante que vem beijar sua amada, a praia, este que vem másculo
e forte, um movimentos tão repentinos, principalmente no Praião, onde há um
turbilhão de ondas sem descanso, local ideal de muita gente, não sei se porque
a vista é estonteante e hipnotizadora ou se é a praia do centro da cidade. Mas
de uma forma ou de outra, sempre será misterioso para quem o olhe, como um
coração humano, impossível de ser sondado.
Na Figura 154 temos a imagem de homem que olha
atentamente em direção ao mar, segurando sua bicicleta. Não sei se ele é um
pescador a observar se as condições climáticas são favoráveis à pesca, se está
descansando ou se apenas procurou o local para ficar consigo mesmo. Mas as
motivações deste homem não nos interessam, é particular. O que importa é que o
mar sempre nos responde.
Como
também na Figura 155 onde vemos registrado um moço observando o mar, perdido em
seus pensamentos. Eu havia parado ai para descansar e achei muito interessante
a atitude dele, há muito tempo estivera ali, em meio a devaneios, com os olhos
fixos no mar, nunca saberemos o que se passava em sua mente, em seu coração.
Tal como esta mulher encontrada na foto abaixo, na Praia do Cibratel que há
muito tempo devaneava sob esta pedra numa tarde quente de verão. A qual nem
mesmo a constante presença de diferentes pessoas a ir e vir não a incomodou,
ela estava totalmente imersa em seus pensamentos. Quais eram eles? São
insondáveis a nós.
Insondável I. Foto de Thais Oliveira Silva. 03. Jul. 2012
Insondável II. Foto de Thais Oliveira Silva. 24. Jan. 2012
Insondável III. Foto
de Thais Oliveira Silva. 24. Jan. 2012
Em
cada presença silenciosa onde pude observar diante do mar, lá está meu
testemunho do que pude presenciar, mesmo sem sabermos as motivações de cada
personagem registradas nas imagens fotográficas de estar no local, a simples
presença destes foi capturada.
A
imagem do real retida pela fotografia (quando preservada ou reproduzida)
fornece o testemunho visual e material dos fatos aos espectadores ausentes da
cena. A imagem fotográfica é o que resta do acontecido, fragmento congelado de
uma realidade passada, informação maior de vida e morte, além de ser o produto
final que caracteriza a intromissão de um ser fotógrafo num instante dos
tempos. (KOSSOY, 2001, p.37)
Longas tardes de Verão. Foto de Thais
Oliveira Silva. 30. Jan. 2012
O homem da Figura 158 vinha de longe, vi seu
pequeno contorno a uma distancia considerável aproximando-se de mim
paulatinamente. Ele está tranquilo, apenas caminha a beira mar sem levar
consigo nenhum pertence. A pureza do azul da cena fecha este ciclo de calmaria
ai existente.
Uma Tarde na Praia. Foto de Thais
Oliveira Silva. 30. Jan. 2012
Aqui
todo ecoa não com a urgência das grandes cidades, mas com a calma dos artesãos
de nossa cidade. As caminhadas pelas orlas de nossas praias, acompanhadas pelo
cantar do mar são herança de cada cidadão local. Na foto acima temos em
primeiro plano um pai atento observando seu pequeno brincar com a areia do mar
e em segundo plano outros tanto personagens, todos calmos, todos apenas vivendo
e fruindo cada momento proporcionado por tão belo local.
Itanhaenses
que despertam inveja nos veraneios, não por suas posses, mas pela paz que nós
possuímos; nossa vida levada na calmaria, sem o clamor e a agitação das grandes
cidades. Paz esta que provém da fé católica herdada, onde permite o descansar
em meio a dificuldades, descansar Nele: a Grande Providência, aquele que figura
como o Menino nascido e anunciado pelos Magos, ou pela Pombinha Branca do alto
do Mastro, a Santa Mãe que do alto do Morro Itaguaçu os abençoa. Aquele que
está sempre do lado deste povo simples.
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