Onde andará
O pequeno grande homem
Que defende a mata e os bichinhos?
Estará atrás das árvores
Ou nadando no Rio Preto
Conversando com as águas
Brincando com passarinho?
Todos o olham, poucos o vêm
Pois é preciso alma livre
Pra ver tão verde menino
Em seu nobre caminho
Não lhe falta a coragem
Pra enfrentar grandes batalhas
Está sempre atormentando
Aquele que lhe atrapalha
Amado pelas crianças
As grandes e as pequeninas
Tem nestas os seus amigos
Que não lhe negam abrigo
Gnomo franzino e forte
Não pense que está sozinho
Espalhados em outras matas
Existem muitos verdinhos
Cada um na sua floresta
Defendendo seu ideal
Sonhando um mundo melhor
O que não é utopia
Apenas tão natural
Protegida a Juréia
Ainda há muito que fazer
Pois na sua odisseia
Não é bom esmorecer
Vá em frente gnomo amigo
Não se importe com o inimigo
Está sempre em toda parte;
A vida é sua arte!
Os golpes duros são provas
Da força mais que divina
É o vento forte no ramo
Que enverga, depois empina
Continue sua luta santa
Ela não será em vão
Cuide do corpo, morada da alma
Pra poder mostrar com calma
O que muitos inda verão...
Ao Ernesto Zwarg Júnior, De sua filha Maricéa
(Maricéa Zwarg. O gnomo da Juréia. In: Em Conceição de Itanhaém, tem! Itanhaém,
1999)
O amor pela natureza e a preservação dela sempre foi
um das grandes lutas do itanhaense Ernesto Zwarg (1925 – 2009). O cheiro de
mar, o seu som e a sua intensidade estão presentes nos nomes de todos os seus
filhos que estão cheios de mar: Marcelo, Marati, Maricéia, Itamar e Márcio.
(FERREIRA, 2008).
Ele foi pioneiro no Brasil e líder do Movimento que
combate às usinas nucleares, sendo a primeira voz a se levantar em defesa da
Juréia (Peruíbe – SP), obtendo o tombamento da Estação Ecológica Juréia-Itatins
em julho de 1986. Se não fosse por ele e movimentos como o do SOS Mata
Atlântica, uma das maiores áreas contínuas dos 7% da Mata Atlântica que ainda
restam seriam abrigo de usinas nucleares. Percebendo que o projeto das usinas
estava para se concretizar, realizou um Foro Ecológico nas Ruínas do Abarebebê,
em Peruíbe. Muita gente compareceu inclusive autoridades nacionais e
internacionais. O professor expôs os problemas que trariam as usinas e
conseguiu impedir a construção delas pela Nuclebrás.
Lutador, não poupou esforços para defender a
natureza e suas belezas não se de Itanhaém. Vestido de pirata, Zwarg alugou um
barco e com autoridades e simpatizantes a bordo montou uma cena teatral
conseguindo devolver as praias aos banhistas de Cananéia. Temos a grande luta de
Zwarg na luta pela preservação do morro Sapucaetava e se não fosse por ele, a
nossa Praia do Sonho estaria repleta de edifícios projetados sem rede de esgoto;
é dele o mérito de ter ganhado a primeira ação popular do mundo contra prédios.
(FERREIRA, 2008)
Ernesto é um andarilho por natureza, organizando
caminhadas pela Juréia foi contagiando e despertando o amor pelo “chão” de
muitas pessoas que se juntavam a ele – eram amigos, alunos, ex-alunos, curiosos,
estudantes universitários e jornalistas. Zwarg nos orienta: “(...) sem
paisagem, o homem é agredido. Todo ser humano sofre, sendo contido. Sofre
claustrofobia, porque nasceu nômade, nasceu para ver horizontes, e não para
viver preso em concreto. Sofre de stress, e não sabe que a sua origem está na
privação da paisagem.” (FERREIRA, 2008, p. 115)
Como andarilho, vindo de cá para lá nas suas
andanças era recebido com carinho pelo povo caiçara, povo simples e
hospitaleiro. O comportamento afável e carinhoso até com os estranhos que são
sempre bem recebidos nas casas caiçaras partilhando do que comer serviu de
inspiração para que Zwarg criasse essa música:
(Indo a
pé pra Iguape)
...
nóis tamo indo pra Iguape,
nóis
tamo indo a pé,
na casa
do caiçara nóis vamo pedi café...
Pois é!
Lá no
Grajaúna
Na ilha
da Esperança
Na
praia do Rio Verde
A maré
tava baixando
Subindo
- baixando
Subindo
- baixando
Subindo
– baixando
...
nóis tamo indo pra Iguape,
(...)
Eu vou
dançar fandango
Em Uma
do prelado
Siri
anda de costa
Ou será
que anda de lado
De
costa – de lado
De
costa – de lado
De
costa – de lado
...nóis
tamo indo pra Iguape,
(...)
A
beleza da Juréia
Há nada
se compara
Vou
descansar meu corpo
Na
barra do Icapara
Anda –
para
Anda –
para
Anda –
para
(...)
(Ernesto
Zwarg. Indo pra Iguape. In: Itanhaém, um
mar de Histórias. Itanhaém: Expoente, 2008)
Nenhum comentário:
Postar um comentário