Itanhaém,
O mais caiçara dos sóis,
sempre te contemplo de madrugada,
lá nas pedras da praia do sonho,
sinto que Deus, me deu a paz de presente.
O mais caiçara dos sóis,
sempre te contemplo de madrugada,
lá nas pedras da praia do sonho,
sinto que Deus, me deu a paz de presente.
Juro que essas pedras cantam vida
e que as estrelas do seu céu
são mais brilhantes
e as do mar, são coloridas.
e que as estrelas do seu céu
são mais brilhantes
e as do mar, são coloridas.
Quando a gente te fita
e te vê assim tão bonita,
guarda no íntimo seu semblante atraente, pra sempre.
e te vê assim tão bonita,
guarda no íntimo seu semblante atraente, pra sempre.
No pôr-do-sol dos seus rios,
vejo a alma dos teus filhos,
versando que Deus,
em sua homenagem,
vinte e quatro horas por dia
usa pincéis de trovador.
vejo a alma dos teus filhos,
versando que Deus,
em sua homenagem,
vinte e quatro horas por dia
usa pincéis de trovador.
(Cecília Fidelli. Juras de amor. In: Itanhaém em prosa e verso. Itanhaém, 1998)
Infelizmente
nem todos tem esta rica oportunidade de ver o nascimento do sol em algum lugar
aberto, especialmente na praia, onde nada atrapalha a visão do percurso sutil e
arrebatador do maravilhoso astro que nos dá vida. Ousei durante algumas
madrugadas quentes, aventurar-me para ver o nascimento do sol não apenas da
janela de meu quarto, mas em seu principal palco: o mar, onde este pode
brilhar, atua brilhantemente em cada ato de seu espetáculo, modificando sua luz
como se fosse um verdadeiro ator alternando suas vestimentas. São totalmente
maravilhoso estes poucos minutos da hora mágica. A cada instante temos uma cor
nova mostrando-se a nós, de violeta passa-se a vermelho intenso, alaranjado,
amarelo ouro até que finalmente sua luz fique branca durante todo o dia até
finalmente iniciar seu espetáculo da queda, onde mais uma vez há profusões de
cores para enfim mais uma noite nos visitar enquanto o valoroso e destemido Rei
Sol, como descrito nos mitos egípcios, desce às terras sombrias com sua barca,
falece, mas sempre retorna vitorioso a cada manhã. (GOMBRICH, 1999)
Nas
primeiras horas de luz, o sol brilha obliquamente sobre a terra e os raios de
luz, viajam através de um grande volume de atmosfera para alcançar sua posição.
São os comprimentos de onda de luz azul, mais curtos, que se dispersam mais
facilmente e são filtrados durante este trajeto; assim, a luz em volta do sol
nascente é frequentemente tingida por um delicado vermelho rosado. A neblina
também é comum ao amanhecer, convertendo cenas e aspectos familiares em visões
de sonho. (HEDGECOE, 1996, p. 39)
A
imagem abaixo mostra uma de suas muitas facetas, onde este se mostra intensamente
rubro. Certamente que a imagem da obra de Monet (1840-1926) estava em minha
mente ao compor esta cena. Este vermelho não durou pouco mais que três minutos,
tive de ser ágil para registrá-lo. A imagem foi realizada na Boca da Barra e
felizmente neste dia a maré estava baixa, possibilitando-me registrar a cena da
praia do local, a fim de incorporar também o reflexo do sol em suas águas. Ao
fundo, em contra luz encontra-se o centro da cidade.
Incandescente
nascimento.
Foto de Thais Oliveira Silva. 07. Abr. 2012.
Para
esta série fotográfica é oportuno citar Martins (2008), quando este fala sobre
a obra “Impressão do nascer do sol”, de Monet, já que busquei, como o pintor,
registrar a luz solar em diversas horas do dia sob inúmeras condições
climáticas:
Há
nas imagens dessa composição um cromatismo temperado, criado pelo reflexo da
luz nas horas suaves de transição entre o noite e dia e dia e noite, que são
também as melhores horas para fotografar. Nestes momentos de encontro de
luminosidades contrárias, Monet incorpora à sua pintura a descoberta da supressão
dos limites de separação visual entre o dado “verdadeiro” e o “falso”,
produzido pela composição resultante da impressão visual. Em “Impressão do
nascer do sol”, o reflexo da luminosidade rubra faz do sol um complemento, mais
do que o centro da pintura. Mas um complemento necessário. Há entre o sol, seu
reflexo na água e o reflexo do reflexo nas nuvens uma relação de necessidade
recíproca, uma multiplicação de luminosidade e de escritas visuais que não se
esgotam. Antes, apontam para uma espécie de efeito multiplicador da luz e seus
desdobramentos, além do quadro, de que a pintura é o recorte de um momento que
não anula essa vibração cromática. (MARTINS, 2008, p. 151)
As manhãs sempre me favoreceram na concepção
destas imagens. Poucas fotografias foram realizadas durante o horário
vespertino, já que muitas vezes as nuvens encobriam o sol.
Sutilezas
do amanhecer. Foto de Thais Oliveira Silva. 03. Mar.
2012.
A foto acima foi obtida durante uma fria
manhã de março. Os tons rosa e violeta desta imagem foram registrados em tempo
oportuno, já que os mesmos duraram pouquíssimos instantes, transmutando-se para
outras cores. A figura que está em contraluz nesta imagem é a escultura de
Serafim Gonzalez (1930-2007), primeiro ator a interpretar o personagem “Tonho
da lua” da novela global Mulheres de areia, exibida durante a década de
setenta. Como a novela foi ambientada na Praia dos Pescadores daqui da cidade,
após as gravações foi-se estabelecido este memorial de bronze nas rochas
encontradas na Praia dos Pescadores.
A imagem abaixo foi tomada do alto da
Ponte Sertório ao amanhecer. O nascimento do Sol foi extremamente encantador
neste dia, o qual eu não tenho palavras para descrever qual foi minha reação ao
avistar nos céus estes dois imensos braços etéreos, os quais um sinalizava uma
espécie de “hang loose”, cumprimento típico entre os surfistas e o outro braço
parecia estar amparando o morro. O Sol atrás destas formas encontra-se imenso,
poderoso, com seu reflexo sobre a Boca da Barra. A cidade ainda não acordou em
sua maioria.
Braços Etéreos. Foto de Thais Oliveira Silva. 01. Abr. 2012
Também tenho minha luz. Foto de Thais
Oliveira Silva. 20. Abr. 2012
Encontrei-me com este simpático pescador durante
uma alvorada. Nesta manhã tanto o Céu quanto o Rio tingiram-se de
vermelho. Nuvens rosadas e acinzentadas pousavam sobre eles. Uma profusão de
cores num único dia. Cores, mas ainda uma fraca luz clareava nosso caminho. O
sol estava prestes a incidir sobre nós sua potente luz, mas, enquanto nós esperávamos
o raiar do sol, este simples pescador que vemos em contraluz nesta imagem liga
sua pequena lanterna mostrando-nos como enfrentou aquela noite escura. Logo não
será mais necessária esta luz artificial, tão ingênua e pequena ante a potência
da luz solar.
Amanhecer na Praia dos Pescadores I. Foto de Thais
oliveira Silva. 02. Mar. 2012
Outra
manhã se inicia, porém tive de ser muito rápida, pois em poucos minutos eu
estaria numa sala de aula, lecionando. Registrei o nascer do sol sob a Praia
dos Pescadores a fim de enfatizar a beleza do local. Percebo que uma paisagem
assim inclinada, através de suas formas e linhas nós podemos ver mais além que
se fosse uma composição horizontal. A paisagem que é belíssima passa a ter uma
dimensão abstrata que a valoriza ainda mais com esta composição. Se fosse à
horizontal nem íamos reparar na força destas linhas de tão "adormecidos"
que estamos de ver tantos nascer-do-sol sempre todos iguais. Pretendi com esta
série efetuada neste dia criar atmosferas e enigmas para que itanhaenses, tão
acostumados à paisagem local a vissem mais uma, com atenção, dando atenção à
suas formas, linhas, planos. Observassem a beleza de nossa terra. A Figura 133,
além destas vigorosas linhas que conduzem nosso olhar de um extremo a outro
também possui este equilíbrio que busquei organizar: entre a Ilha das Cabras e
estas pedras em primeiro plano, ambas em contraluz, como se reverenciando ao
Rei Sol.
O espelho
d`água da imagem abaixo foi obtido apenas com o deslocamento de alguns passos de
distância da foto anterior. Nesta busquei registrar esta bela duplicação dos céus.
Nuvem a nuvem, cor a cor, a Prainha soube como ninguém igualar-se com o
firmamento.
Amanhecer na Praia dos Pescadores II. Foto de Thais
oliveira Silva. 02. Mar. 2012
Já a imagem registrada na foto abaixo pretendeu enfocar os resquícios da presença humana, os pescadores locais que
haviam partido antes do nascimento do Sol. O carrinho posicionado no primeiro
plano da imagem possibilitou aos pescadores levar, com um pouco menos de
sacrifício sua canoa. Em breve ela retornará repleta com as nossas riquezas
deste mar que nunca negou suprimento a estes homens. É interessante notar que
as linhas formadas pela maré nas areias da praia seguem um mesmo ritmo do
desenho das nuvens estriadas deste céu. Como numa bela sinfonia, todos estão
num mesmo acorde.
Amanhecer na Praia dos Pescadores III. Foto de Thais
oliveira Silva. 02. Mar. 2012
Parti para meu local de trabalho satisfeita
com minha série realizada neste dia, porém, em meu caminho ainda encontrava-se
a Praia dos Sonhos e as imagens abaixo foram irresistíveis, não consegui
prosseguir sem antes captá-las.
A primeira foi tomada dos areais já úmidos
da Praia, a fim de captar também seu belo reflexo sob o local. O sol intenso
refletido através da vidraça deste prédio me chamava, avisando-me que o seu
caminhar sob os céus estava em processo adiantado. Já estava na hora de eu
também ir trabalhar
Um último olhar lançado para trás e capto a
Praia dos Pescadores vista da Praia dos Sonhos. O intenso tom de
bronze cobre todo o local. O Sol está a cada minuto mais intenso, arrebatador. Dirijo-me
a meu trabalho, satisfeita com seus raios solares aquecendo minhas costas, na
certeza de que haverá outros nascimentos do Sol. Ele sempre retorna triunfante,
majestoso a cada manhã.
Reflexos Matutinos. Foto de Thais
Oliveira Silva.02. Mar. 2012
Nascer do Sol na Praia dos Sonhos. Foto de Thais
Oliveira Silva. 02. Mar. 2012
Tal tranquilidade, a de esperar pacientemente
por oportunidades de registrar o percurso solar sob a terra foi adquirida com o
tempo. Quando paro para refletir em minhas primeiras imagens obtidas deste
fenômeno orgulho-me de onde consegui chegar hoje. Minha primeira tentativa foi
no em Janeiro de 2012, eu já estava empolgada com o fato de estar registrando
durante a madrugada a Folia dos Reis que não consegui dormir o resto desta
madrugada, tamanha era minha ânsia de registrar mais e mais. Dirigi-me até a
Praia do Centro ainda escuro e esperei o nascimento do Sol sob um belíssimo céu
sem nuvens.
Assim que percebi a mudança tonal das cores
do céu, postei-me entre estes vegetais para que sirvam de contraluz. Percebo muitos erros meus, ainda não havia experiência e nem definido minhas
próprias regras, como a de enquadrar a linha do horizonte exatamente nas
arestas do visor. Porém elas me são necessárias para que hoje eu possa refletir
sobre estas composições e orgulhar-me.
Primeiras Tentativas I. Foto de Thais
Oliveira Silva. 03. Jan. 2012
Na imagem registrei o quiosque dos pais
de meu namorado em contra luz. A silhueta de cada uma destas árvores ai
encontradas, bem como a forma do quiosque ganharam um tratamento diferenciado
devido a esta bela luz que aponta em nosso horizonte. O céu ainda está escuro,
a noite ainda não se foi por completo, mas o dourado está a caminho. Logo ele
irá dominar toda a cena com todo seu esplendor.
Primeiras Tentativas II. Foto de Thais
Oliveira Silva. 03. Jan. 2012
Primeiras Tentativas III. Foto de Thais
Oliveira Silva. 03. Jan. 2012
Finalmente, na foto acima temos a imagem do
sol já intenso, comparando com o da Figura 139. Este já é capaz de tingir as
águas da Praia do Centro de Douradas, deixando sob elas seu rastro de luz.
Outras Imagens:
Nenhum comentário:
Postar um comentário