O soprar do vento,
traz o cheiro do mistério
Do além do horizonte
onde o céu não tem limite.
traz o cheiro do mistério
Do além do horizonte
onde o céu não tem limite.
Admirar Itanhaém...
No topo do Paranambuco,
sente-se livre, vento no rosto
o portal como passagem.
No topo do Paranambuco,
sente-se livre, vento no rosto
o portal como passagem.
Diante de olhares,
recanto espetaculares,
de paisagem exuberante
dessa terra repousante.
recanto espetaculares,
de paisagem exuberante
dessa terra repousante.
Instante de magia,
gravada na memória
por toda vida,
Itanhaém querida...
gravada na memória
por toda vida,
Itanhaém querida...
(Elizabeth Cury Bechir Watanabe. Terra de encantos. In: Itanhaém, beleza em prosa e verso. Itanhaém, 1997)
Em Itanhaém existe uma infinidade de
formações rochosas, convidativas aos olhos, tanto à beira mar, quanto no
interior da cidade e em meio à Mata Atlântica preservada. Logo no centro da
cidade encontramos o Morro Itaguaçu, onde está localizado o Convento Nossa
Senhora da Conceição e consegue manter preservada toda sua vegetação típica.
Vista do Morro Piraguyra. Foto de
Thais Oliveira Silva. 05. Abr. 2012
No Morro
Piraguyra encontram-se formas diferenciadas da Mata Atlântica, pois o morro
encontra-se mais afastado da influência marítima, possuindo uma exuberante
vegetação típica. É o maior morro encontrado perto dos locais de urbanização da
cidade, sendo o mesmo local de diversas casas alicerçadas em suas rochas.
(FERREIRA, 2008). A foto acima retrata a
vista do alto do Morro sob a Boca da Barra. Vali-me da flora local pra ser a
moldura natural da imagem, bem como produzirem uma contraluz.
Localizado
próximo ao Iate Clube, no bairro Praia do Sonho, o é Morro Sapucaetava um dos
principais locais escolhidos para realização de trilhas ecológicas. No local,
encontra-se vasta quantidade e diversidade da flora da Mata Atlântica sob
direta influência marítima, além de uma fauna também bastante rica. Por ser uma
área de fácil acesso e quase livre de riscos naturais, as visitas ao local são
apropriadas às crianças. No alto do morro foi construído um mirante rústico,
para apreciação das praias formadoras do conjunto litorâneo itanhaense, que
recebe o nome de Pedra do Espia. O Morro do Sapucaetava foi declarado de utilidade
pública em 15 de março de 1962, onde moradores e turistas fazem trilhas pelo
local preservado. (FERREIRA, 2008). A imagem abaixo captou o início da escadaria
que nos leva até as trilhas lá presentes. Percebemos o quanto é difícil à
entrada de a luz solar neste local se observarmos os demais degraus que
ascendem.
Trilha do Sapucaetava. Foto de
Thais Oliveira Silva. 25. Mar. 2012
Paranambuco é um dos morros que
infelizmente mais sofreu devastações. Com a construção dos reservatórios de
água necessários para a cidade, sofreu devastação que expôs pedras as quais
vieram a ser chamadas de Pedra da Esfinge e Portal Místico os quais hoje em dia
estão interditados. As
duas Pedras do Paranambuco foram as únicas que sobraram após muitos anos de
desabamento do Morro. Fotografias do ano de 1928 mostravam a Pedra da Esfinge
encrustada no Morro e somente após a grande devastação é que as mesmas ficaram
expostas.
Atualmente, devido ao assoreamento
da argila vermelha, por conta das fortes chuvas do ano de 2011, os “pedestais”
que as sustentavam não resistiram e tombaram uma pedra sobre a outra. Antes do incidente, as duas pedras, vistas da orla da Praia do Sonho,
tinham aparência de uma esfinge, por isso o nome. Muitos místicos também vinham
de vários lugares em busca do “Portal Místico”, como denominavam o vão entre as
duas pedras, porém, hoje em dia, o local está proibido à visita, com risco de
morte, pois as rochas podem desabar a qualquer momento. O
restante da depredação foi obra de um condomínio que não se concretizou sem
antes, porém ter descaracterizado a topografia original do terreno, nivelando-o
e deixando estacas de concreto no local.
A pesar de tudo isso, o local
permanece como um ponto de observação de todo Litoral Sul, com uma atmosfera
impressionante e uma bela vista que se descortina sobre o mar, as ilhas e as
serras da região, dando uma ideia da imensidão do local. O lado do Morro Paranambuco
que dá para o mar, é conhecido como Costão e possui uma vegetação rasteira,
espinhosa e retorcida pela força dos ventos marinhos. Ali, pedras enormes são
atingidas pela força do mar, compondo um quadro impressionante. O mar estava
calmo como vemos na figura abaixo. Geralmente no local formam-se ondas fortes e
violentas que se chocam constantemente sobre esta grande muralha.
Floresta de Pedras. Foto de
Thais Oliveira Silva 26. Fev. 2012
Há formações menores, como o Púlpito
de Anchieta, localizado na Praia dos Pescadores, onde contam que o beato
realizava sermões aos índios de lá de cima. (FERREIRA, 2008).
Idealizei a imagem abaixo na intenção
de compor nesta mesma cena lembranças e resquícios de um passado distante
místico, sagrado, o qual do alto destas grandes rochas Anchieta realizava seus
fervorosos sermões, com um passado recente “profano”, por se tratar de uma
imagem dedicada à lembrança da gravação da Novela Mulheres de Areia, da Rede
Globo, em 1973. A escultura da Mulher de Areia está de costas para a imagem,
como que olhando para o futuro, mas também há espaço para o local sagrado do
antigo missionário. Itanhaém, uma cidade, como tantas outras que é capaz de dar
condições para que o novo e o velho, o sagrado e o profano possam conviver
harmonicamente.
O Profano e o Sagrado. Foto
de Thais Oliveira Silva. 03. Jul. 2012
Há as pedras do costão da praia dos
Sonhos, onde encontramos a Cama de Anchieta, localizada ao final da recente
“Passarela de Anchieta”, inaugurada em 2006, sendo a obra é estimada no valor
de 200 mil reais. Com uma estrutura de 220 metros de comprimento por 1,60 de
largura, a passarela, construída com ipê e materiais derivados do eucalipto
ecológico, é resultado da parceria e dos investimentos da Prefeitura de
Itanhaém e das Ilhas Canárias, onde nasceu o jesuíta. Ao todo, R$ 140 mil foram
doados pelo governo espanhol e R$ 60 mil foram destinados à obra pela
Administração Municipal. Através dela, é possível que pessoas de todas as
idades acessem a formação rochosa que, segundo a lenda, por seu aspecto de
cama, encravada entre o costão da Praia dos Sonhos e o mar, tornou-se o local
preferido do beato José de Anchieta (1534 – 1597), para encontrar descanso e
inspiração para compor versos e poemas. (FERREIRA, 2008)
Passarela de Anchieta.
Foto de Thais Oliveira Silva. 12. Dez. 2011
Pude visitar a Passarela de Anchieta
entre Dezembro de 2011 e Janeiro de 2012. Na foto acima está registrada a
visita do dia 12 de Dezembro de 2012, realizada numa tarde de muito sol. Ao
fundo temos a imagem do Morro do Paranambuco e suas grandes pedras, as
anteriores Pedra da Esfinge, digo antigas, pois hoje em dia, não é mais
possível ver a perfeita silhueta da esfinge que víamos anteriormente. O horário
para o registro fez toda a diferença, pois a contribuição das sombras obtidas a
partir do sol vespertino, bem como o costão encontra-se em contraluz, resulta
numa satisfatória composição, dando ênfase á Passarela de Anchieta.
Nas
férias de julho consegui obter este belíssimo tom de azul com suas águas
tranquilas, anormal nesta época, em que geralmente o mar encontra-se agitado,
refletindo as cores cinzentas do céu carregado, mas neste dia o sol estava
posto em todo seu esplendor sobre nós. O tom de azul obtido na foto abaixo foi o
mesmo em que consegui obter pela manhã em que registrei o Rio Itanhaém. Algo
nos chama atenção nesta imagem, certamente fica-se curioso ao observar esta
rocha central totalmente rachada ao meio, fato ocorrido através dos anos, pois,
ao conversar com os pescadores da Praia dos Pescadores, onde está localizado o
Púlpito de Anchieta, o qual esta rocha está em frente, disseram que há menos de
dez anos, a grande rocha estava apenas com uma rachadura com cerca de dois
centímetros, mas, com a ação constante das ondas e a infiltração das mesmas
pelos veios da rachadura, a rocha encontra-se hoje desta forma. Ao fundo
encontra-se a Ilha das Cabras ou Givura.
Ação do tempo. Foto de Thais Oliveira Silva. 03. Jul. 2012
Sempre que eu observava os antigos
alicerces do nunca realizado Condomínio no alto do Paranambuco, sempre os vi
como se fossem lápides, eu sempre tive medo. Um conjunto de pedras de concreto
povoa o alto do artificial planalto deste morro. Quando eu era criança, as mais
diversas teorias brotaram de minha mente, era impossível subir ao Morro do
Paranambuco e não observá-las, tentar entender qual sua função ou pelo menos o
motivo de suas silenciosas presenças. Visitei o local já a partir de Dezembro
de 2011, quando iniciei esta série fotográfica, pois havia uma urgência dentro
de mim: eu precisava travar um diálogo silencioso com elas, desejava
eternizá-las em diversos ângulos e condições climáticas. E assim parti a esta
busca. Nas fotos abaixo, as registrei durante uma tarde nublada. O clima do
dia, as flores a seu redor conferiu-lhes a aparência de diversas lápides. Um
projeto neste local havia falecido. Apenas o projeto? E quanto à mata nativa
deste local? E quanto aos animais que ali viviam em liberdade? Sua terra seca,
com inúmeras fendas que responda qual foi o impacto ambiental neste lugar.
Aqui jaz uma parte da Mata Atlântica
inutilmente.
Aqui Jaz um Condomínio I. Foto de Thais Oliveira Silva. 13. Dez. 2011
In Memorian. Foto
de Thais Oliveira Silva. 13. Dez. 2011.
Na imagem obtida na foto abaixo, há a presença
de um silencioso e persistente urubu, compõe o cenário lúgubre a mim
apresentado. Andei em volta destas pedras, pude até mesmo fotografar o animal
de perto e ele não se incomodou com a minha presença. O que mais contribui para
a imagem soturna é a formação de nuvens encontrada ao fundo, como se fossem
espectros oriundos destas lápides/ alicerces.
Aqui jaz um Condomínio. Foto de Thais
Oliveira Silva. 26. Fev. 2012
Eu gostaria muito de ver restaurada a vegetação e um belo mirante com segurança, dando maior enfase para um lugar que deveriamos conservar para admirar essa natureza maravilhosa.
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